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O mundo na ponta da língua
Em um mundo cada vez mais globalizado, saber falar mais de um idioma tornou-se condição básica para se posicionar bem no mercado de trabalho. Com a crescente procura por cursos de língua estrangeira, aumentam também as oportunidades de trabalho para professores. “Emprego para professor não falta. Faltam bons salários e maior investimento do governo”, afirma o aluno Gustavo Nunes Freire, do 10º semestre de licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade de Brasília (UnB).
Para o tradutor, o quadro não é diferente. O acesso à internet e o número cada vez maior de suportes digitais, como filmes, CD-Roms e DVDs, que chegam do exterior também aumentam consideravelmente a demanda por profissionais de tradução. “O mercado está aberto e a constante globalização torna essencial a atuação do tradutor”, ressalta a professora Sabine Gorovitz, do curso de Letras- Tradução da UnB.
Ao contrário do que muitos pensam, quem optar pelos cursos de Letras estudará não só gramática da língua de sua opção, mas também áreas como a lingüística – que estuda a origem e as transformações de determinado idioma –, a literatura e a leitura crítica de textos. “Os alunos muitas vezes entram esperando estudar análise sintática e aprender mais sobre os pronomes. Esses ficam frustrados ao descobrir que serão bombardeados com diversas teorias sobre a linguagem e que cada uma delas tem seus erros e acertos, que não existe uma só verdade”, detalha Gustavo Freire.
Para isso, os alunos de qualquer um dos cursos têm disciplinas obrigatórias nos três departamentos do Instituto de Letras: de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET), de Lingüística, Línguas Clássicas e Vernácula (LIV) e de Teoria Literária e Literaturas (TEL). Além das matérias do próprio instituto, os alunos de bacharelado e licenciatura ainda recebem formação em outras ciências como Pedagogia e Psicologia.
Os cursos do Instituto de Letras que possuem as habilitações bacharelado – para quem quer ser pesquisador ou trabalhar com revisão – e licenciatura – para quem pretende atuar como professor – são os de Língua Portuguesa, Francesa e Inglesa. Português do Brasil como segunda língua, Língua Espanhola e Língua Japonesa só possuem graduação em licenciatura. Já o curso de Tradução apresenta as habilitações Inglês e Francês, sendo que o aluno pode optar pela formação nas duas línguas.
Língua Portuguesa – Apesar de ser a opção mais procurada pelos estudantes, dar aulas em escolas públicas e particulares não é a única forma de atuação do graduado em Letras-Português. Mesmo formado em licenciatura, o profissional poderá trabalhar em diversas áreas relacionadas à educação. Quem optar pelo bacharelado, poderá trabalhar em empresas públicas e privadas com assessoria em textos, revisão e editoração, entre outros. Além disso, o bacharel em português também poderá se dedicar à pesquisa universitária.
Além de gramática, fonética e fonologia (estudo dos sons e das articulações ligadas ao aparelho fonador), sintaxe (estruturação da língua portuguesa), semântica (significação) e morfologia (processo de formação das palavras) são algumas das áreas estudadas pelos alunos. Os estudantes também recebem ampla formação em literatura, estudando cada escola literária detalhadamente, e são levados a discutir sobre o ensino da língua portuguesa no Brasil. “Debatemos a problemática relacionada ao ensino de leitura nas escolas e principalmente a tradição gramatical já incutida nas salas de aula”, revela o estudante Gustavo Freire.
Línguas Estrangeiras – Francês, inglês, espanhol e japonês. A UnB oferece formação para quem quer ser professor nessas quatro línguas. Apesar de não ter uma prova de conhecimento específico para entrar para esses cursos, é essencial que o aluno já tenha um certo conhecimento do idioma de sua opção. “Muitos alunos acham que vão aprender inglês (no caso dessa habilitação) dentro da faculdade. É verdade que no decorrer do curso aprendemos bastante, mas é só um aprofundamento natural. O aluno já deve ter um bom nível de inglês ao entrar na universidade, ou é possível que fique para trás, tendo um baixo aproveitamento do curso”, destaca a tradutora Cecília Said de Lavor, formada pela UnB em 2003.
Português do Brasil como Segunda Língua – Criado em 1998, é o único curso universitário do país destinado à formação de professores de Língua Portuguesa para ensinar o Português do Brasil a pessoas de outras nacionalidades. Os licenciados nesse curso poderão dar aulas principalmente para comunidades estrangeiras no Brasil, imigrantes que desejam aprender o Português do Brasil como língua de comunicação internacional e até surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Tradução – O curso de tradução da UnB é voltado para a escrita, não formando o aluno para interpretação, como no caso de tradução simultânea. Os alunos recebem formação em práticas de tradução (da língua estrangeira para a língua portuguesa) e versão (da língua portuguesa para a língua estrangeira) de textos gerais, literários, jurídicos, econômicos, técnicos e científicos. “Além de gostar de ler, o tradutor ainda deve saber onde buscar informações variadas e específicas, escrever bem e ser versátil na hora de encontrar as melhores soluções textuais para cada situação”, resume Cecília.
O mercado de trabalho para o tradutor está cada vez mais amplo. Trabalhar como free lancer é uma das atividades consideradas mais atraentes pelos recém-formados, pois a oferta de trabalhos ainda é relativamente alta e o tradutor pode trabalhar em casa. A desvantagem, no entanto, é a competição com pessoas não formadas, que cobram um preço muito mais baixo. “Mas os clientes em geral acabam optando por pagar mais por um trabalho de qualidade, pois sabem os prejuízos que uma tradução mal-feita pode causar”, garante a tradutora. Embaixadas e empresas de tradução também apresentam grande demanda por esse tipo de profissional.
Para a comunidade - Um dos trabalhos desenvolvidos diretamente com a comunidade é um minicurso de gramática em língua portuguesa para alunos dos ensinos fundamental e médio, montado pelos próprios alunos de graduação. A iniciativa faz parte da disciplina obrigatória Laboratório de Gramática e os cursos duram um mês, com aulas de reforço para os alunos de escolas públicas e particulares todos os sábados.
Os alunos montam as aulas e as apostilas com reforço gramatical. Cada grupo de seis monitores fica responsável por uma turma de aproximadamente 50 alunos. “Foi muito proveitoso. Aprendemos bastante, desde a seleção, confecção e preparação para as aulas até a parte de ministrar aula e lidar com um público real”, comemora Gustavo Freire.
Saiba maisCaminhos para a informação
O fluxo de informações que circula todos os dias com funções diversas e por meios distintos se intensifica a cada momento. Para que essas informações trafeguem de forma eficaz, segura e confiável, é necessário que as “estradas” para elas estejam em boas condições. É necessário que haja boas redes e para cria-las, manter e operar, bons engenheiros de rede. O curso de Engenharia de Redes na UnB oferece uma base de engenharia elétrica e conhecimentos aprofundados em tecnologias da informação e de redes de comunicação multimídia – que englobam a transmissão de som, dados e imagem. Conforme o professor Rafael Timóteo de Sousa, coordenador de graduação do curso, a proposta é preparar profissionais com formação adequada para desenvolver as tecnologias básicas, realizar projetos, desenvolver softwares, implantar, operar e gerenciar redes de telefonia, televisão e comunicação de dados, assim como produzir conteúdo para essas redes e construir aplicações capazes de integrar diversos serviços.
Timóteo explica que o setor de tecnologias da informação e das comunicações é um dos mais dinâmicos da economia brasileira e mundial. Atualmente, as aplicações potenciais de redes de comunicação abrangem a maior parte das atividades sociais e todos os setores econômicos. Assim, o engenheiro se depara, ao se formar, com demandas de um vasto mercado de trabalho, composto de concessionárias de telecomunicações, provedores de serviços de redes, empresas usuárias de serviços de redes, bancos e instituições financeiras, empresas de processamento de dados ou de consultoria, órgãos públicos, indústrias de telecomunicações, fornecedores de equipamento e integradores, além de instituições de ensino e pesquisa. “Há um grande volume de empregos altamente qualificados e com boa remuneração disponíveis.”, conta.
Maíra Hanashiro formou-se em 2003 e trabalha na própria UnB, em um projeto de desenvolvimento de softwares ligados a telecomunicações. “Escolhi as redes de comunicação por considerar que, dentro da engenharia, essa área é uma das mais interessantes e versáteis. Há um grande mercado para os profissionais da área”, analisa.
Os professores da área, na UnB, integram o Grupo de Pesquisa AQUARELA – Aplicações de Qualidade de Serviço em Redes de Alta Velocidade. Desde 1997, o trabalho do grupo resultou em 25 dissertações de mestrado, 10 projetos de desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia, mais de 50 artigos publicados em revistas e congressos internacionais e nacionais. As áreas de pesquisa incluem gerência de redes, segurança da informação, aplicações de redes de comunicação, ensino a distância, tecnologias de Internet2 (modalidade mais rápida e segura), sistemas distribuídos, redes sem fio (wireless). A equipe também produz ou participa de vários programas de extensão, incluindo formações complementares em tecnologias de redes, programação, segurança da informação e software livre.
O departamento de engenharia Elétrica da UnB dispõe de doutorado e mestrados profissionalizantes e acadêmicos na área de Engenharia de Redes. Maíra atualmente prepara sua dissertação de mestrado sobre segurança de redes móveis – aquelas constituídas, por exemplo, por computadores notebook, atualmente mais suscetíveis a invasões e perda de informação.
Prática desde o princípio – No curso da UnB, os alunos estudam desde o início disciplinas da área, ao mesmo tempo em que cursam as do ciclo básico, como matemática e física. As específicas de redes envolvem, em sua maioria, aspectos teóricos e práticos e incluem desde o conhecimento dos equipamentos e dos protocolos de comunicação até o projeto, implantação, desenvolvimento de aplicações, desenvolvimento de conteúdo, gerência e segurança das redes em ambiente de negócios. Isso permite, segundo Timóteo, que os alunos façam estágios desde o primeiro ano do curso, que leva, em média, cinco anos. “Grande parte dos estudantes de Engenharia de Redes encontra emprego antes mesmo de se formar”, conta o professor.
Exercícios práticos acontecem no Laboratório de Redes de Comunicação (LabRedes) – espaço de cerca de 300 m² equipado com 60 computadores clientes, 20 computadores servidores e uma rede local. O LabRedes, onde Maíra desenvolve seu trabalho, subdivide-se em salas de aula informatizada, cinco laboratórios e um Centro de Redes. O laboratório é também usado para o desenvolvimento de projetos como a Rádio LabRedes, que transmite música por meio da Internet para toda a comunidade universitária da UnB. E a TV LabRedes, de caráter experimental, que transmite imagens ao vivo do LabRedes e de aulas. "Trata-se de um dos mais bem equipados laboratórios da universidade, com certeza. É fundamental para o ensino de engenharia de redes", opina Maíra.
Saiba mais
Unidade Acadêmica: Faculdade de Tecnologia (FT)
Campus: Plano Piloto
Habilitação: Bacharelado
Turno: Diurno
Número de semestres: 9 (mínimo) / 18 (máximo)